quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

voz de fonte



"Como uma voz de fonte que cessasse
(E uns para os outros nossos vãos olhares
Se admiraram), p’ra além dos meus palmares
De sonho, a voz que do meu tédio nasce
Parou... Apareceu já sem disfarce
De música longínqua, asas nos ares,
O mistério silente como os mares,
Quando morreu o vento e a calma pasce...

A paisagem longínqua só existe
Para haver nela um silêncio em descida
P’ra o mistério, silêncio a que a hora assiste...
E, perto ou longe, grande lago mudo,
O mundo, o informe mundo onde há a vida...
E Deus, a Grande Ogiva ao fim de tudo..."

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

2 comentários:

Marta Nogueira disse...

A foto é do Jardim da Amoreira? Já estão assim adiantados os espaços?

apricare disse...

Confirma! E como diz a noticia aquando da sua inauguração pela Presidente da Camara de Odivelas, e cito:"Além do nítido embelezamento, as fontes dão um toque de qualidade urbana a esta nova área da Vila da Ramada, num claro sinal do cuidado e valorização do espaço público no concelho."