domingo, 7 de fevereiro de 2010

portanto..

"Elefantemos portanto.

Deixemos esta tão precária pele
Aprender outros saberes

Deixemos
Portantomente
O olhar do paquiderme
Ensinar ao passarinho
As paisagens do deslumbre
Das escritas mais antigas.

Permitamos que o vento sopre.
E que a pedra exista.
E que o sol dispare a sua fúria
Em todas as direcções.
E que a lua se entretenha
No seu jogo de brilhar.

Elefantemos portanto.

Ou,

Melhor dizendo,
Permitamos que um silêncio muito antigo
Venha
Carregado de silvos e sussurros
Venha
Conduzir-nos a palavra
Pelas veredas impalpáveis
Do mistério."

(José Fanha, para o Mia Couto)

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