sábado, 30 de agosto de 2008
António Menano
Nascido nas faldas da Serra da Estrela de uma família de 12 irmãos, António Menano(1895 - 1969) foi sem sombra de dúvida o mais conhecido e popular cantor de fados de Coimbra. Com onze anos, já cantava e compunha fados e em Coimbra, onde estudou Medicina, cedo se tornou ídolo da Academia, enriquecendo o espírito estudantil e a lenda coimbrã de uma certa boémia própria da juventude, de fados e serenatas, misto de arte e romantismo, de sonhos e ilusões. António Menano está tão intimamente ligado ao fado de Coimbra e este a ele que se não pode dissociar um do outro; falar de António Menano é falar do fado de Coimbra e da chamada década de oiro.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Michael Jackson - 50 anos
É o sétimo de nove filhos de Joseph e Katherine Jackson.
Resultado da rigidez do pai, as crianças eram mantidas trancadas em casa enquanto ele trabalhava até tarde; mas escapavam frequentemente para as casas dos vizinhos, onde cantavam e faziam música. Tudo se manteve até ao dia em que Joseph tomou consciência do talento dos filhos e resolveu lucrar com isso. Michael Jackson começou a carreira aos cinco anos de idade como líder vocal do grupo Jackson 5.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Eia! Eia! Eia!

Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagem, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! (...)
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e o futuro. (...)
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
(...)
Engenhos, brocas, máquinas rotativas!
Eia! eia! eia!
Eia electricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do Inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Eia! eia! eia!
Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!
Eia! eia! eia, eia-hô-ô-ô!
Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeia, engenho-me.
Engatam-me em todos os comboios.
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! eia-hô eia!
Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!
Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa!
Eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas e trabalhar, eia!
Galgar com tudo por cima de tudo! Hup-lá!
Hup-lá, hup-lá, hup-lá-hô, hup-lá!
Hé-lá! He-hô Ho-o-o-o-o!
Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!
Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!”
(Álvaro de Campos, Ode Triunfal)
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Já lá vao 20 anos
Que só dizes disparates, disparates, disparates
E tanta asneira, tanta asneira, tanta asneira
Que para tirar tanta asneira não chegam 100 alicates
Mas tu não sabes, tu não sabes, tu não sabes
Que isso de dar um beijinho já é um custume antigo
Quem te disse, quem te disse, quem te disse
Que lá por dares um beijinho tinhas de casar comigo.
- Ó chega cá.
- Não vou.
- Tu és tão linda.
- Pois sou.
- Dá-me um beijinho.
- Não dou.
Interesseirea, convencida, ignorante, foragida, sua burra,
És a miúda mais palerma, camelóide que eu já vi
Mas porque raio é que tu queres os beijinhos só para ti.
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.
Ai rapariga, rapariga, rapariga
Dás-me cabo do miolo para te levar com cantigas
Ai mas que coisa, mas que coisa, mas que coisa
Diz lá porque é que tu não és como as outras raparigas
Quando eu pergunto se elas me dão um beijinho
Dão- me tantos, tantos, tantos que parecem não ter fim
E tu agora estás com tanta esquisitice
Que qualquer dia já queres e não sabes mais de mim.
- Dás ou não dás?
- Não, não.
- Então dou eu.
- Isso não
- Dá-me um beijinho.
- Não dou não.
Diz lá porquê, sua esganada, egoísta, mal-criada
Sua parva, só se pensas que eu acaso tenho a barba mal cortada
E vê lá se tens receio que a boca fique arranhada.
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.
- Então vá lá.
- Já disse.
- Eu faço força.
- Que parvoíce
- Dá-me um beijinho.
- Que chatice.
Analfarruta, pestilenta, hipocondriaca, avarenta, bexigosa
Vou comprar um dicionário que só tenha nomes feios
Que é para eu tos chamar todos até tu teres os ouvidos cheios.
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.
Ora dá cá um e a seguir dá outro
Depois dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho."
(Carlos Paião, Canção do beijinho)
E para ver e ouvir :
domingo, 24 de agosto de 2008
Beijing-Pequim 08 ... London-Londres 12
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
XLVIII
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como que na diligência
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvores, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.
Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passo e fico, como o Universo."
(Alberto Caeiro)
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Instante
(Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV')
domingo, 17 de agosto de 2008
O que é que a baiana tem?
sábado, 16 de agosto de 2008
P'ra além das ruas
Acrescento: Acreditar.Sonhar.Lutar.Perder.Ganhar.Ser.Viver.
Sras e srs, Madonna:
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Augusto Hilário
Falecido prematuramente em 1896,ficou imortalizado no célebre Fado Hilário que até Amália gravou. Mas não serão muitos aqueles que identificarão o Fado Hilário com uma pessoa que existiu realmente.
O jornal O Primeiro de Janeiro recorda assim: " O Hylário, o querido boémio das serenatas alegres e doidejantes, improvisou durante o sarau esta quadra (...) e seguidamente ajoelhou e atirou (...) a sua mágica guitarra que ainda vibrava (...). Os espectadores pediram mais trovas".
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Maria Severa

quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Amália Rodrigues
Estreia-se no Retiro da Severa, em 1939, e este êxito pega como um rastilho e espalha-se por Lisboa .
Em poucos anos, Amália torna-se num símbolo do sucesso nacional: a rapariga pobre que com o poder do seu canto passa da noite para o dia a ser rica e famosa, despertando todas as paixões. Tudo sobre ela se diz, tudo sobre ela se quer saber, todos os amores lhe são atribuídos. À sua volta gera-se uma curiosidade sem precedentes, sendo discutida, criticada, copiada, e seguida com ilimitado fervor.
De triunfo em triunfo Amália faz vibrar os públicos mais diversos. Em 1962 no festival de Edimburho mais uma vez a consideram à altura dos grandes artistas clássicos. Em 1963, em Beirute, é tal o seu prestígio, que a convidam a acompanhar com os seus fados uma Missao de Acção de Graças pela independência do Líbano. E continua sempre a voltar aos países que não se cansam de a reclamar. Em Paris, o acolhimento do público é sempre delirante, não só no Olympia, como participando nos mais sensacionais acontecimentos artísticos.
Em 1989, comemorando os 50 anos de carreira de Amália, a EMI-Valentim de Carvalho edita “Amália 50 anos”, uma colecção de oito duplos-álbuns ou CD´s temáticos agrupando muitas das gravações de Amália para a companhia, entre os quais várias raridades e gravações inéditas.
Amália Rodrigues faleceu no dia 6 de Outubro de 1999.
http://www.youtube.com/watch?v=JRANpTsA5Sw&feature=related
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Fernando Farinha
Comecemos pela "linha da frente": Rua Fernando Farinha.
Fernando Farinha, nasceu a 20 de de Dezembro de 1928 no Barreiro, ainda criança veio residir para Lisboa com os pais. Aos 7 anos já cantava e entrou em vários concursos infantis, teve tanto êxito que passou a ser chamado de "Miúdo da Bica" (bairro onde morava). Entre finais dos anos 60 em diante faz digressões artísticas por todo o mundos, Bélgica, França, Inglaterra, Alemanha, África do Sul, Argentina e E.U.A.
Fernando Farinha faleceu no dia 12 de Fevereiro de 1988.
Deixo-vos, "O rapaz do táxi":
"O jovem chauffer de praça
Dono e senhor da cidade
A buzinar e a refilar por todos passa
Como uma flecha sempre em louca velocidade
Quando apanha um passageiro
Se o serviço não lhe agrada
Torce o nariz, ele aí vai caminho inteiro
Metendo todas as mudanças á pancada
O rapaz do táxi tal como a guiar
Conduz sua vida sem nunca afrouxar...
Tem pé vigoroso, firmeza na mão
Faz frente ao destino sem meter travão...
O rapaz do táxi tem motor no peito
Tanto anda nas curvas como anda a direito...
A vida é malvada e jamais melhora
Se não fôr levada sempre a cem á hora
O jovem chauffer de praça
Mal começa a entardecer
Se fez a folha, já ninguém, ninguém a caça
Até á hora em que o colega o vem render
Ao balcão dum velho bar
Entre um bagaço e um café
Fuma um cigarro e lê a Bola, até chegar
Sua miúda que trabalha ali ao pé"
( http://jorgesilva.bloguedemusica.com/8097/O-rapaz-do-taxi/ )
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Poema dum funcionário cansado
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passoas casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só"
(António Ramos Rosa)
As casas "engolem-nos", mas os sonhos trocados ou nao, existem.